quarta-feira, 17 de março de 2010

Blind Willie Johnson


Sim, estou de volta.

O post de hoje fica por conta do blues man, pastor, mestre do slide guitar, ídolo de músicos como Bob Dylan, e ainda por cima de tudo cego, Blind Willie Johnson.

Quem conferiu o post anterior sabe da conexão com este aqui.

Blind Willie nasceu no século retrasado(1897), no estado do Texas, começou a tocar guitarra muito cedo. Além disso desenvolveu uma guitarra pequena e quadrada, sua marca registrada.

Não se sabe muito a seu respeito, mas devemos respeitar seu talento. Tendo em vista a dificuldade para gravações de discos em sua época, o disco de hoje é uma copilação de muitos de suas belas músicas. Dark Was The Night é uma coletânea lançada pela Columbia.

B. Willie foi pastor e a maioria de suas músicas são Gospel. Mas não se intimidem ou se espantem, pois como um legítimo blues man, Willie Johnson toca com a alma, e canta com uma emoção arrepiante. A sua música é triste e bela, seus movimentos na guitarra são precisos e impactantes.

É revigorante descobrir músicos como ele, e pensar que suas gravações, as melhores, datam da década de 30. Aquilo era descobrir a guitarra, e arrancar dela, na unha, sons que estremecem a existência de quem ouve.

Destaque para as faixas Dark was the night(Cold was the ground), The soul of a man e Jesus make up my dying bed.

Me pego pensando como os artistas cegos conseguem por tanta emoção em suas músicas. É como se eles sentinssem o que estão tocando, e as vibrações dos sons chegassem em lugares que nós não compreendemos.

A curiosidade fica pelo modo como B. Willie Johnson ficou cego. Ele diz não se lembrar, mas acredita-se que sua madrasta, ao apanha de seu pai, como vingança, jogou algum produto ácido no rosto de Blind Willie.

As gravações não tem a qualidade e a limpeza dos estéreos e digitais de hoje, mas tem o peso de 1000 céus e o impacto de uma marreta.

Conheçam, apreciem and you might get blue.

http://www.youtube.com/watch?v=7R8RuOagzck&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=Obs73TqWbog&feature=related

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

It Might Get Loud


Hoje é dia de botar para fundir. Cinema+Rock'n'Roll = Imagens fantásticas com barulhos alucinantes.

Trata-se de um documentário dirigido por David Guggenhein (Uma verdade incoveniente) intitulado A todo volume (It might get loud -2009).

Na tela, temos a reunião de Jimmy Page(Yardbirds e Led Zeppelin), Jack White (White Stripes, Racounters e Dead Weather) e por fim the Edge (U2), que durante as filmagens vão falando um pouco sobre a história do rock, seus jeitos de tocar, suas técnicas, estilos, qual é o relacionamento que eles desenvolveram com o instrumento tão único, que é a guitarra. Podemos dizer que temos em mãos, uma aula de música, estilo, influências,técnica e da maior qualidade que se pode encontrar.

O curioso é que nos deparamos com três gerações de guitarristas, cada um com seu estilo de tocar, que mais diverso, impossível. Acredito que a grande sacada está justamente nesse ponto.

Nos deparamos com Jimmy Page, a lenda, o virtuoso, o dinossauro, com suas raízes enterradas no blues e no rock. Mostrando sua infância com a guitarra, a influência do skiffle e o nascimento da paixão. Sua passagem pelos Yardbirds (com Eric Clapton e Jeff Beck), sua carreira bem sucedida como músico de estúdio e a fundação do Led Zeppelin. Page é certamente o Riffman, com uma técnica apuradíssima, uma velocidade incrível, limpo como uma fonte. É certamente uma figura ímpar.Jimmy Page é o clássico, é a lenda.

Em seguida temos Jack White, o experimentalista, minimalista, criador, inquieto. Certamente foi Jack White quem me chamou mais a ateção neste documentário. Demonstrando suas raízes nas músicas do Sul dos EUA como o blues, o country, até mesmo o jazz. White se demonstrou que não está para brincadeira e possui uma técnica apurada. Mas além de todas as qualidades e dos riffs penetrantes, que cortam como uma navalha, Jack White foi o que soube demonstrar melhor como a guitarra mudou sua vida. Certamente é o mais poético e perturbado dos 3, e talvez por isso, tenha me chamado mais a atenção. Ele diz que tocar guitarra é como entrar numa briga com ela, e quanto mais desafinada, mais torta e de pior qualidade é a guitarra, melhor é a briga.

Por último temos o tecnológico The Edge. Não podemos dizer que seja um virtuoso, técnico, impactante como os dois anteriores. Porém, The Edge é certamente uma grande influência e um grande nome da guitarra. o documentário mostra como ele foi o primeiro guitarrista a tocar de maneira texturizada, como ele estuda e conhece as mais altas tecnologias, trazendo efeitos para a guitarra que substituem de maneira muito boa a falta de virtuosidade(quando comparamos com Page e White). The Edge mostra como transformar um riff simples em algo mais apetitoso. Sempre acompanhado de seu engenheiro de som, podemos dizer que ele é o amigo nerd da turma. E acredito que, apesar de considerar outros tantos guitarristas superiores a The Edge, que sua participação no documentário é indispensável.

Aumente o volume e aperte o play.


Destaque para a primeira cena, na qual Jack White tira um som de uma corda de aço, 2 pregos, uma garrafa de vidro, 2 tocos de maneira, um captador dos mais rudes e um amplificador. Quem disse que você precisa comprar uma guitarra???Ele indaga.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Orphans: Brawlers, Bawlers & Bastards


Hoje é dia de escutarmos algo que, literalmente, botará seus pinos para bater. Estamos diante de um Cd de Tom Waits(essa figura da foto), datado de 2006.

Temos em mãos, um baú de Tom Waits, perdido em algum lugar, no qual ele reuniu o melhor porre musical que poderíamos encontrar. E se tratando de Waits, certamente regado a muito uísque e cigarro.

Essa obra prima simplesmente é compostas de 3 cd's, 56 músicas, das quais 30 eram inéditas e as outras 26 estavam perdidas em algum bar escuro e esfumaçado.

O primeiro CD (Brawlers) é composto de faixas interessantes, nas quais Tom Waits busca raízes, principalmente, no blues, mas sem se esquecer do Rock'n Roll. O cd é composto de ritimo, abusa das gaitas, possui uma guitarra agressiva. Apesar das grandes performances de Waits, acredito que o disco se destaca pelo ritimo. Chamo a atenção para as faixas: Lord I've been changed (8), Fish in the Jailhouse (4) e Road to Peace(10).

O segundo CD (Bawlers) é o Casanova do trio. Apaixonante, cansado, de porre. Tom Waits se supera, e seu vocal bebado, rouco, carregado, sua marca registrada, se destaca na multidão. As performances são emocionantes. Gosto de como as baladinhas são levadas principalmente pelo piano, sobrando espaço para os metais. Certamente é o meu preferido dos três cd's. A segunda faixa : You can never hold back spring (2) é certamente a minha favorita (parte da trilha sonora do Filme O Tigre e a Neve de Roberto Begnini). Mas ainda há espaço para a ótima Widow's Grove (4) e a delicada If I have to go (13). Esse disco foi feito com alma.

O terceiro disco é a experimentação. Waits explora o Jazz em Altar Boy(14), viaja no estilo tropicália em Bone Chain (6), abusa do experimentalismo em Redrum (10). Ademais, ainda recita textos estranhos como em Nirvana (11) e First Kiss(8). Tom Waits certamente assumiu o papel de um cosmonauta nesse Cd, mas isso não quer dizer que ele seja ruim, pelo contrário. Só não é indicado a quem pensa na música de maneira muito sã e limpa. Tom Waits é sujo e bêbado, não se esqueçam disso.

Dessa maneira, coloquem 4 dedos de uísque, cowboy style, e façam um brinde a Thomas Alan Waits!!!

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

American IV: The man comes around


A primeira dica musical deste blog fica por conta de Johnny Cash, e seu último disco: American IV : The Man Comes Around. O disco só foi lançado dois meses apos à morte de Cash.

Esse disco é composto basicamente por covers, que vão desde Sting (I hung my head), passando por Beatles (In My Life), e terminando com Nine Inch Nails (Hurt).

A qualidade do disco, na minha opinião, se dá devido ao repertório escolhido e as melodias que vão desde um riff acústico e seco de Blues em Personal Jesus (Música de Martin Gore, mais famosa nas vozes de Depeche Mode e também de Marilyn Manson), passando por um violão e um piano, com uma melodia fantástica em Hurt, além de um country carregado de raiz em Give my Love to Rose.

Cash já estava velho e perto da morte quando gravou este disco, e acredito que tal situação tenha contribuido para a grande performance, cheia de emoção, nesse disco. A impressão que se tem é de que a emoção, tristeza, melancolia, as aflições de Johnny Cash saem por cada poro do disco.

Outro indicativo de qualidade é a produção de Rick Rubin, que já fez albuns lendários como Blood Sugar Sex Magik dos Chili Peppers, Licensed to Ill dos Beastie Boys, disco de estréia do Audioslave, disco de estréia do System of a Down, além do penúltimo album de Bob Dylan.

Como se não bastasse a genialidade de Johnny Cash, o disco ainda contou com os vocais de Fiona Apple e Nick Cave, além das guitarras acústicas de John Frusciante e Randy Scruggs.

A minha faixa preferida, sem sombra de dúvidas é a segunda faixa, Hurt, que muitas vezes me emociona ( http://www.youtube.com/watch?v=clq01TXQR0s ) Destaque também para The Man comes Around(1) , Personal Jesus (7) e I'm so lonely I could cry(12).

Detalhe para a capa do disco, na qual Cash me lembra nosso qurido poetinha camarada, Vinícius de Morais.

Escutem sem moderação!!!!

A Lula e a Baleia


A dica de hoje fica por conta do filme A Lula e a Baleia (The Squid and the Whale - 2005 - Noah Baumbach).

Uma comédia-dramática com um humor muito refinado. Um casal formado por um escritor e professor universitário fracassado, que não tem algo publicado a tempos (Bernard) ; e uma esposa que está ascendendo como escritora, fazendo grande sucesso (Joan). Desta maneira, o conflito de egos acaba com um casamento já em ruínas.

Como resultado dessa separação, há a situação dos dois filhos do casal Walt e Frank.

Walt, o mais velho, toma o lado do pai, a quem vê com uma admiração quase que santificada. Ele é arrogante, e assim como seu pai, cita clássicos literários sem nunca tê-los lido. Além de plagiar a Música Hey you, do Pink Floyd em um show de talentos da escola. Ele está descobrindo sua vida sexual. fica nítido tanto no pai, quanto no filho, a obssessividade. Um prato cheio para se divertir com o comportamento de ambos.

Frank, o mais novo, toma o lado da mãe, e está sempre tentando agradá-la. Chega, em alguns momentos, a demonizar o pai. Além de sofre com um "problema" de sempre sentir vontade de ejacular na escola.

Um grande filme, indicado ao Oscar de melhor roteiro. Mostra o rompimento de um casal, em meio aos anos 70, onde a liberdade sexual e outras liberdades levaram vários casais a, enfim, se separarem. Mostra também a ascenção da mulher na sociedade, tomando posições antes dominada pelos homens. Mostra o reflexo de uma família desestruturada na vida dos filhos.

Um prato cheio. Bon Apetit!!!!!

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Piratas do Rock


A dica de hoje fica por conta da comédia Piratas do Rock ( The Boat that Rocked - 2009) do naturalizado britânico Richard Curtis ( 4 Casamentos e um Funeral e Um Lugar Chamado Nothing Hill). Com um elenco incrível, com nomes como Bill Nighy (Quentin) e Philip Seymour Hoffman (O Conde) e Rhys Ifans (Gavin).

O filme se passa nos anos 60, quando a BBC de Londes só tocava 2 horas semanais de Rock em sua programação. Dessa maneira, alguns amigos resolvem se juntar em um Barco de Pesca, que navega pela costa da Inglaterra, e fundarem uma Rádio Pirata que toca Rock'n'Roll 24 horas por dia. O enredo fica por conta do sobrinho de Quentin que vai passar um tempo no navio e conhece todos os malucos Dj's daquele barco, passando por algumas situações divertidas. Porém, um funcionário do Governo Inglês, que detesta Rock, resolve iniciar uma caçada às Rádios Piratas, principalmente o Navio de nossos personagens que conta com uma audiência de mais de 25 milhões de ouvintes.

Um grande destaque para a trilha sonora do filme. Para quem gosta do bom e velho Rock, um prato mais do que cheio.

Cabe lembrar que trata-se de comédia inglesa, e portanto infinitamente superior aos besteróis americanos.

Imperdível!!!!!!

domingo, 17 de janeiro de 2010

Shortbus


Como segunda postagem cinematográfica, fica a dica para esse impactante,chocante,provocador filme do diretor John Cameron Mitchel.

Se você tem preconceitos, problemas com cenas de sexo explícito, ou com o assunto sexo em, da maneira mais aberta possível, não assista Shortbus.

Trata-se de um filme com diversos personagens com características mais diversas possíveis, mas que tem em comum algum assunto sexual pendente. Eles se encontram em uma espécie de boate, clube, chamada Shortbus, onde há de tudo: Arte em geral, política, performances e, claro, SEXO.

Os atores são desconhecidos, o que de alguma maneira parece ter ajudado muito para a formação de personagens tão singulares.

Nova York é colocada em forma de maquete e a trilha sonora é, realmente, parte do filme.

O sexo é explícito e chocante, mas vai além da gratuidade. Podendo-se dizer que ele também é um personagem do filme.

Destaque para a personagem de
Sook-Yin Lee, uma terapeuta sexual que nunca teve um orgasmo, e para a personagem que é uma prostituta e procura um amor verdadeiro.

Desprenda-se de preconceitos e assista. Caso contrário, nem tente assistir.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Jules et Jim


Como primeira postagem, fica a dica para o meu filme preferido de todos os tempos.

Trata-se de Jules e Jim - Uma mulher para dois (Jules et Jim) de 1962, filme do extraordinário diretor francês e um dos fundadores da Nouvelle Vague, François Truffaut.

Uma história de amor das mais belas e verdadeiras. Falamos de uma amizade entre o alemão Jules (Oskar Werner) e o francês Jim (Henri Serre), amizade essa tão forte na qual os dois amigos inseparáveis dividem, inclusive, suas namoradas, além de lutarem em lados opostos na Guerra e, ainda sim, continuarem grandes companheiros.

Até o momento no qual aparece bela Catherine (Jeanne Moreau), que ao meu ver é uma personagem com enorme sensualismo e presença, e os dois acabam perdidamente apaixonados por ela, cedendo a todos os seus caprichos. Começa então um triângulo inseparável.

Jules acaba se casando com Catherine. Porém, esse casamento vai de mal a pior, e Catherine se mostra leviana e egoísta. Jim acaba reaparecendo após a guerra para conturbar ainda mais o relacionamento do amigo com sua também amada. O desfecho dessa complicada trama é trágico.

Destaco duas cenas:

A primeira é da da corrida dos três numa espécie de ponte, na qual Catherine está vestida de homem. (foto)

A segunda é a cena na qual eles se encontram em casa e Jeanne Moreau interpreta a belíssima canção Le Tourbillon de la Vie.

Um filme que mostra como o amor pode ser belo, simples, gostoso e ao mesmo tempo tão complicado tendo em vistas as vaidades e caprichos. E como a amizade pode ser um laço fraterno.

IMPERDÍVEL!!!!!!!

Bem Vindos

Bem Vindos,
Esse blog surgiu por uma idéia de um amigo e tem o intuito de dicas de músicas e filmes, principalmente, além de outras coisas.
Bom proveito!!!